segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Riso dos Outros

"O humor dialoga com o preconceito das pessoas.O humor pra se realizar, precisa falar a mesma linguagem, todos alí que estão partilhando..., seja o comediante ou o contador de piada, ele precisa partilhar com sua plateia de um repertorio de conceitos... que são preconceitos, são conceitos prévios. Sem essa partilha não se realiza o humor" Laerte

Dentro da escola o humor está presente a todo instante, e é o básico que pode acontecer a reunir todos os dias, dentro de uma mesma sala 30, 40 ou 50 pessoas diferentes. Ela farão piadas, darão apelidos umas as outras e contarão muitos 'causos'. Mas e quando uma piada só tem graça para algumas pessoas? E quanto alguém se sente ofendido com uma piada, um apelido? E quando esse sentimento de ofensa é diário, cotidiano, durante meses e até anos? Qual a responsabilidade que temos sobre isso? 



As perguntas só começam: Existem limites para o humor? O que é o humor politicamente incorreto? Uma piada tem o poder de ofender? 


São essas questões que o O Riso dos Outros discute a partir de entrevistas com personalidades como os humoristas Danilo Gentili e Rafinha Bastos, o cartunista Laerte e o deputado federal Jean Wyllys, entre outros. 


O documentário mergulha no mundo do Stand Up Comedy para discutir esse limite tênue entre a comédia e a ofensa, entre o legal e aquilo que gera intermináveis discussões judiciais.
Para além de uma dicotomia do humor politicamente incorreto e uma vida sem graça, o documentário também traz a opinião de humoristas que optam em ir além, e fazer um humor que não fique na mesmice.



O filme foi dirigido por Pedro Arantes, diretor de séries de humor como "As Olívias", do canal Multishow, e "Vida de Estagiário", da TV Brasil.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Meu corpo daria um romance - Hebert Daniel


página 47

DOIS - genytalia.

"As coisas estão cheias de deuses" Thales de Mileto


CORPO A CORPO, esbarrei com a vida, ali e já, em onze divisões de coisa ou caso.
Troquei com meu namorado um beijo na boca, de amigo a amigo – uma desobediência. Mas intencional. Viro diversão pública para os machos do ônibus, onde entro primeiro assustado, depois irritado. Irrito-me porque não tive intenção de desobedecer. Fico envergonhado de não ter peito para desobedecer também assim, com beijos, e segurar as pontas. De toda forma, provoquei também ingenuamente um escândalo em Copacabana e na madrugada da Ordem.
Não, argumentei comigo – já que procurava lógicas e desculpas. Não foi um beijo estrondoso. Não havia nele nem agressão, nem mesmo atrevimento. Ele não se queria um ato público ou uma declaração de princípios ou uma petição de renovação. Simplesmente se queria beijo, somente carinho, coisa de um amor qualquer amor.
Paguei, atravessei a roleta, dei uns passos procurando um raro banco que de preferência fosse esconderijo. Os olhos me interrogavam? Me acusavam!
Insuportável é o olhar do outro que te torna outro grotesco. Insurportável é o olhar que te cerca no descampado da calamidade da tua diferença. Insuportável é o olhar da inquisição. E demorei o tempo de uma piscadela para me dar conta do estranho que eu era, do flagelado que me fazia. Por causa de um beijo.
Objeto de uma violência em potência, atravesso o corredor polonês até o assento que escolhi num passeio nervoso como uma troca de ódios. Estou cheio de ódio. Nada pode ser pior do que a vivenciação personificada do arbítrio e do preconceito em cima de um só, que não encontra meio de resposta. A lei que nos segue, estamos em cada ato fornecendo argumentos à nossa defesa ou inculpação. Jamais vivemos, criamos álibis. Mais ainda, havia o clima interno e externo, abafado e tocaiado. Prestes ao salto da ira, da fome, da vingança ou do mero berro.
Não se pode chegar à revanche do preconceito a não ser levando-o ao extremo: à destruição mesma do objeto do preconceito. Não queria me aniquilar. Esvaziei-me, por autoproteção, do impulso vingativo. Nenhuma vingança resolve. Preferi me refugiar na eloquente aspiração de justiça. Assim podia me limpar um pouco do ódio.
Escolhi o banco onde me instalei por instinto de preservação, já que vocês dois ostentavam nas camisetas indícios de uma ideologia que me parecia protetora. E foi pior, porque me senti cercado, vigiado. Traído.
A flor reativa de uma vergonha inspirou-me a vontade covarde de coçar o saco, cuspir de lado, qualé meu, pô, tá me confundindo, pisar tomp-tomp até pros – e nos – meus primos da tribo, dita Esquerda. Meu saco, ó, taqui na esquerda, pega na boneca, vê, saco de macho, morou?
- Vi...a...dô!...
Perguntei-me, refeito da floração de bobo irado, na necessária busca de mim em consciente: o sexo se usa à esquerda? De fato si: genitalmente o saco se esgueira para a canhota. Mas e à Esquerda? Há um futuro em preparação  no sexo? Que séquisso.
*

terça-feira, 20 de novembro de 2012

De Felipe Areda, Manifesto Viado.


andava na rua e ao lado...
o grito que era constante...
do senhor que se julga decente,
honesto, cidadão, bom, importante,
do político sincero e decoroso,
do casto padre recatado,
do justo pastor honrado,
do pai dedicado e amoroso,
e outros que por juízo, julgamento, razão,
política, conceito, poder, absolvição,
perdão, mágoa, medo, indignação,
ódio, revolta, raciocínio, incompreensão
olhavam para mim e viam a cisão
do que diziam ser certo, natural, correto
olhavam pra mim e passavam direto
se arrastavam para a rua do outro lado,
se afastando do que dizem ser errado,
enquanto o lábio trêmulo murmurava,
com uma voz ríspida, rouca e brava,
um xingamento que de longe cortava:

viado!

dizia que eu rompia a lei de deus,
a lei da família e da natureza,
da comunidade, da humanidade, da certeza,
da identidade, da verdade, da clareza,
dos valores compartilhados, seus e meus,
mesmo que nem todas acreditassem nesse deus,
a ele deviam se submeter,
sempre
ser colocadas no lugar, aprender
sempre sempre
as pessoas devem seguir reto e a moral prevalecer
sempre sempre sempre
e eu não posso ser o que sou
foi o que disse o som uníssono que ecoou:

viado!

porque ser isso é ser dejeto,
animal,inumano,abjeto,
indigente, miserável, excreto,
a quem o ódio deve ser o único afeto.
eu não posso ser o que sou.
foi o que disse a professora que brigou
quando percebeu o menino feminino,

pouco masculino, afetado,
que não reagia, que não respondia
com a violência esperada de um macho
– deve ser a falta de referência, acho.
falta um pai, tio presente, um padrasto,
alguém que o leve a um puteiro para deixar de ser casto.
– deve ser influência da TV, acho.
daquele ator afetado, das músicas modernas,
dos cantores, das artistas, das badernas.
– que tal fazermos um despacho?
exorcizá-lo, benzê-lo, rezá-lo,
curá-lo, tratá-lo, interná-lo.
– talvez precise de psicólogo, de aconselhamento.
está só querendo atenção, carinho, acalento.
– precisa de surra, ferro quente,
porrada, tapa pra ser valente.
– precisa ser comido para aprender,
se é isso que gosta, agora vai ter.
– precisa ser apedrejado,
levar tiro, paulada, açoitado,
ser esfaqueado, morto degolado,
ter o corpo queimado, o rosto deformado.
ter o corpo jogado no lixo,
ser tratado que nem bicho,
porque é isso que é...
é bicha!

é viado!

no brasil, pelo que diz a mídia
um dos meus é morto a cada dois dias
deve ser mais,
mas de vida que não importa,
morte não faz notícia nos jornais.
os policiais, ladrões, boyzinhos, pais,
colegas, vizinhos, pessoas normais,
amigos, amantes, pessoas banais,
lembram que a homofobia mata,
que a discriminação maltrata
que preconceito solapa, ata e cala.
lembram que eu devo tomar cuidado,
estar atento com quem ando, converso e falo.
me masculinizar, não dar pinta.
não beijar quem eu amo em público,
não importa quanta vontade sinta.
mas tem hora que esqueço,
sou o que sou e pronto.

mas logo o homem a quem afronto,
me lembra, xinga e diz que mereço.
com a veia do pescoço em palpitação,
desvia os olhos dos filhos de minha direção
e grita alterado e em consternação:

viado!

e como a vida de quem não importa tanto importa,
por não ser direita, por ser torta,
por não ser bem cuidada, várias se dispõem a cuidar.
e as pessoas se reúnem, comentam, fofocam,
vigiam, monitoram, regulam, controlam
– será que ele é?
– se não é ainda vai ser...
vai ser o que não pode ser...
pois é o que nem mesmo é.

viado!
viado!
viado!

ora, não pense que me calo,
que apanho quieto e não falo,
que baixo a cabeça, saio e choro,
que corro, fujo e me apavoro.
não se engane, macho.
ora, não pense que desisto,
que me entrego, não revido,
que converto, me reverto,
que me torno o que você quer eu seja,
para você ter certeza de que não é

viado!

tem medo de que?
de que lhe contamine.
de que lhe perverta, transforme, corrompa.
que o desnaturado lhe desnature.
que os degenerados ameaçem seu gênero,
seu gene, gêneses, geração.
tem medo porque?
porque odeia o diferente
ou porque tem que me odiar para fazer de mim seu diferente?
não posso estar perto,
para que esteja certo,
do que é e não pode ser

viado!


pois então, deixa que eu me aproximo
chego perto, olhos nos seus olhos e digo
não adianta esmurrar, bater, matar,
você não vai conseguir nos calar,
nem a mim, nem a meus irmãos e irmãs,
gays, bichas, travestis, sapatas, lésbicas, transexuais,
proliferação de dissidentes, diversas, anormais.
gente que não é o que você é,
porque não quer ser,
porque não precisa ser,
porque não é e não vai tentar ser.
o que diz ser tormento,
pecado, crime, doença, desvio,
e usa como insulto, afronta, ultraje, ofensa e xingamento,
eu me digo com orgulho e anuncio:
se ser humano é ser isso,
afastar, odiar, temer,
matar, destroçar, corroer,
digo com força, coragem e viço
prefiro não ser
e ser
ser de outro jeito, por outra vida, por outra via...
...do jeito que sou e quero ser

viado!



felipe areda, viado e militante do coletivo de micro-políticas feministas corpus crisis.
*publicado em “O Miraculoso”. Brasília, maio de 2010. 3ª Edição.
felipe.areda@gmail.com

http://xa.yimg.com/kq/groups/19093994/926707161/name/manifesto+viado.pdf


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Qual pedagogia queremos?

Por Victor Augusto Vasconcellos:


"Sou transhomem, estudante de pedagogia e há algum longo tempo assumidamente transexual. Pois bem, sendo a pedagogia um curso de grande maioria de mulheres, inclusive em algumas classes sou o único homem, tenho poucas amigas no curso, a maioria mantém distância e tenho uma amiga que sempre acompanho até o carro depois da aula e algumas moças, alias moças machistas
da minha sala, advertem essa minha amiga que ela não deve andar comigo, porque nas palavras delas 'a minha amiga vai ver quando eu agarrar ela no estacionamento da faculdade, aí ela vai ver quem eu realmente sou'. 
Fiquei extremamente chateado com o preconceito que sofri, visto que sou transexual, é incrível como as pessoas ainda partem do principio que todo trans, ou mesmo que fosse gay tem a sexualidade extremada e aguçada, como se fossemos tarados ou estupradores em potencial, como se fossemos prontos para agarrar qualquer pessoa, em qualquer lugar, como se vivêssemos para transar. Tô loco então...
Não é assim! transexuais vivem uma vida como qualquer outra pessoa e são humanos, gostam, riem, odeiam, tem amigos, etc...
Segundo o que em muito me entristeceu é o fato de ser uma classe que já tive oportunidade de debater o assunto, já dei uma aula de 2 horas sobre transexualidade, todo mundo ouviu, todo mundo participou e o que muito me ajudou foi uma grande professora que em muito me apóia. Bom, mas diante disso, da discussão provocada, não esperava atitudes como essas.
Resumindo moças da minha classe, vcs são transfóbicas e machistas e pior ainda vão lecionar para crianças, reproduzindo preconceitos. Trans não são tarados.
Somos humanos e o que dificulta nossa existência não é o fato de ser trans e sim o preconceito das pessoas".

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A história LGBT de um país



A constituição das identidades é atravessada pelo passado que a representou, que a legitima e lhe diz alguma coisa. Qual a identidade LGBT de nosso país? Quem são xs LGBTs brasileirxs? Quem somos xs LGBTs brasileirxs?!
O processo de homofobias constitui-se em apagar o passado, negando referências para xs LGBTs que vem, deixando-nos a deriva num mar de injurias. É preciso saber o que aconteceu, o que foi produzido culturalmente por essas pessoas para podermos nos fortalecer e sabermos de outros de nós que existem no mundo e existiram no passado.
Dzi Croquettes é parte dessa história que demanda ser editada, organizada e divulgada.

       
O grupo revolucionou os palcos cariocas com seus espetáculos andróginos. Desobedientes e debochados, decidiram desrespeitar a ordem do regime militar com inteligência. Os sapatos de salto alto e as roupas femininas propositalmente exibiam as pernas cabeludas e a barba cultivada pelos homens do grupo. O primeiro show, em 1972, foi um grande sucesso, apesar de ter sido banido pelo Serviço Nacional de Teatro. A comédia de costumes era um deboche ao sistema de ditadura e à realidade brasileira. O grupo também fez muito sucesso na Europa, especialmente na França, onde levou platéias parisienses à loucura.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

100% dos royalties do Petróleo para qual educação?

Dos 565000 municípios brasileiros, apenas 79 contam com algum tipo de política pública para LGBT.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A primeira vez

Hoje foi meu primeiro dia como estagiário docente, com um amigo e professor muito dedicado que dá aulas de sociologia na escola há dois anos.

Constrangimento, esperança, tristeza e motivação são das emoções que me perfizeram nesse primeiro dia.

Do constrangimento básico de ser colocado diante de 20 pessoas e apresentado, do constrangimento dos olhares curiosos das alunas e dos alunos. De uma aluna muito fofa que puxou conversa comigo e me ofereceu doces, resultando em rubor e falta de ação diante de tanta delicadeza e sorrisos. 
Mas também constrangimento da realidade material, para não esquecer do barbudo, da falta de portas nas salas, da sujeira nas paredes, do rato no corredor, da lista extensa de alunas que estão afastadas da escola por estarem grávidas. Constrangimento de quem acostumado a ter, se depara com muitas faltas.

Da esperança de ver alunxs empolgados, engajadxs no projeto de rádio da escola, do interesse nos temas abordados. Da esperança de ver que a nerdizagem e puxa-saquismos na porta da sala dxs professorxs ainda existe e é muito massa (eu fazia isso!). Esperança nos relatos de alunxs que foram a Marcha das Vadias e ficaram encantadxs e com tudo aquilo, da nova feminista radical que essa experiência produziu. Esperança de ver performances corporais não-heteronormativas persistirem, mesmo com histórico de perseguição.

Tristeza de ver profissionais desmotivados. Além das más condições de trabalho, tristeza pelas más condições de se desejar trabalhar!

Motivações muitas! Por todxs eles que estão lá sentados estão a espera de conhecimento, a espera de poderem se expressar e também produzir novos saberes. Por aquelxs que gostam de estar na escola, que gostam de viver a escola, por aquelxs que não puderam  estar nela, e que não querem estar nela - motivado a fazê-lxs gostar daquele espaço, fazer dessa experiência algo marcante positivamente. Pelas que não tem dinheiro para ir, pelas que tem filhx (e pelos filhxs delas), pelas que desistiram.
Motivação a fazer diferente, somar com quem acredita, importunar quem já desistiu, e insistir! 
Eu só sei insistir.

domingo, 11 de novembro de 2012

SIMPÓSIO: Diretrizes nacionais para a educação em direitos humanos na UnB

http://www.fe.unb.br/noticias/simposio-diretrizes-nacionais-para-a-educacao-em-direitos-humanos-na-unb
Nos dias 12 e 13 de novembro 2012 no auditório da Reitoria da UnB haverá o simpósio "Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos na UnB". Inscrições no local do evento.

Programação completa em: http://www.fe.unb.br/arquivos/folder_educacaodhunb/at_download/file



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

II Seminário de Educação, Diversidade Sexual e Direitos Humanos na UFES!

O II Seminário de Educação, Diversidade Sexual e Direitos Humanos, realização do Grupo de Estudos e Pesquisas em sexualidades – GEPSs da Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes, tem por objetivo acolher pesquisas e discussões no campo da educação e da diversidade sexual em sua interface com os Direitos Humanos e com práticas e políticas comprometidas com uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva.
O evento tem como objetivo construir experiências de análise em redes de conhecimentos e de produção que fortaleçam a educação e as práticas dos trabalhadores culturais com a temática dos direitos humanos em seu entrecruzamento com a diversidade sexual, de gênero, racial, geracional, religiosa e de deficiências e com os currículos midiáticos.


PROGRAMAÇÃO

24/10 – Quarta-Feira – a partir das 17h
Credenciamento
Local: Hall do Auditório do Centro de Ciências Exatas - UFES   

24/10 – Quarta-Feira – a partir das 19h
Solenidade de Abertura do evento: Coral da Ufes
Conferência: João W. Nery
Local: Auditório do Centro de Ciências Exatas - UFES 

25/10 – Quinta-Feira – de 09h às 12h
Mesa-Redonda:      
Prof. Dr. Leandro Colling
Mídia, Diversidade Sexual e Direitos Humanos          
Profa. Dra. Luma Nogueira de Andrade
Travesti na escola: assujeitamentos e resistências à ordem heteronormativa
Profa. Dra. Juliana Perucchi
Jovens lésbicas, Ts e educação
Local: Auditório do Centro de Ciências Exatas - UFES 

25/10 – Quinta-Feira – de 14h às 15h50m e de 16h10m às 18h
Apresentação de Comunicações oral
Local: Centro de Educação - UFES (salas de aula do prédio IC-IV)

25/10 – Quinta-Feira – a partir de 19h
O Projeto "Identidades em trânsito: do corpus o corpo" convida para o evento: IDENTIDADES EM TRÂNSITO 

Organizadores: Giovanna Faustini e Thiago Scarpat
A exposição abre às 19h. A mesa de bate-papo começa às 20h
Convidados: Bernadette Lyra, Fernando Marques, José Roberto Santos Neves e Marcelo Faustini
Local: Cine Metrópolis
26/10 – Sexta-Feira – de 09h às 12h
Mesa-Redonda:                             
Prof. Dr. Fernando Altair Pocahy
Pedagogias da sexualIdade e contestações gênero-geracionais nas tramas do envelhecimento
Prof. Dr. Marco Aurélio Máximo Prado
Homofobia e educação
Profa. Dra. Conceição Soares
Cotidiano escolar, Diversidade Sexual e Mídia
Local: Auditório do Centro de Ciências Exatas - UFES

26/10 – Sexta-Feira – de 14h às 15h50m e de 16h10m às 18h 
Apresentação de Comunicações oral
Local: Centro de Educação - UFES (salas de aula do IC-IV)

26/10 – Sexta-Feira – de 18h às 19h
Encerramento e Avaliação
Local: Auditório do Centro de Educação (Prédio IC-IV)

26/10 – Sexta-Feira – a partir das 19h
Atividade Cultural

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

De quando nossas vidas tornam-se barganha.

A amiga Nanah mandou a matéria e compartilho aqui, entrevista com a filosofa Judith Butler, comparando eleições de São Paulo e Estadunidenses quanto ao uso por parte dos candidatos às bandeiras tidas como polêmicas, como casamento LGBT, kit de combate a homofobia, aborto etc.

de: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,politica-da-ambiguidade,948742,0.htm


Tão logo a polêmica se mostrou "ruim para ambas as partes" - para usar o bordão do candidato derrotado Celso Russomanno -, ninguém quis assumir a iniciativa de tê-la posto em pauta. A discussão sobre materiais didáticos de combate à homofobia, os enviesadamente chamados "kits gays", começou a semana em altos decibéis na boca dos postulantes à Prefeitura de São Paulo José Serra e Fernando Haddad. Depois minguou diante da revelação de que ambos os haviam produzido em suas respectivas gestões à frente do governo do Estado e do Ministério da Educação, até resultar no silêncio obsequioso sobre o tema verificado quinta-feira, durante o primeiro debate televisivo do segundo turno das eleições. 

Na corrida presidencial de 2010, algo semelhante se verificou no Brasil: o tema do aborto, sempre controverso, entrou e saiu de cena assim que marqueteiros detectaram que a troca de acusações nesse terreno mais afugentava do que atraía eleitores. Ao sumiço pragmático, acrescentou-se quase um pacto republicano de não tocar mais no assunto. 

Também nos EUA os direitos das minorias voltaram ao noticiário essa semana, depois que uma corte de apelações de Manhattan pediu que fosse alterada a formulação federal que define o casamento como "união entre um homem e uma mulher". Os juízes de Nova York consideram-na discriminatória. Ao mesmo tempo, e em plena campanha eleitoral americana, o Pew Research Center divulgou pesquisa demonstrando que a imensa comunidade latina no país, vista tradicionalmente como machista, resiste cada vez menos ao casamento gay.


Foi dentro desse cenário que o caderno Aliás conversou com a filósofa americana Judith Butler, professora da Universidade da Califórnia, em Berkeley, autora da comentada Queer Theory, que sustenta que a identidade sexual ou de gênero é resultado de uma construção social e não de papéis biologicamente definidos. Judith falou sobre a intromissão do tema da homofobia na sucessão paulistana, dos limites à liberdade de expressão quando ela se traveste do discurso do ódio e dos avanços e recuos na luta pelos direitos sexuais nos EUA, na Europa e na América Latina. 

Quão inusitado é uma discussão sobre material didático de combate à homofobia entrar na pauta de eleições municipais?
Judith Butler - Depende de que parte do mundo se esteja falando. Vejo isso acontecendo em algumas cidades americanas, na Rússia, na Turquia e em outros lugares. O que levanta a questão sobre a necessidade de um compromisso político que considere efetivamente a homofobia e a transfobia como formas inaceitáveis de discriminação. Opor-se a políticas de combate ou à produção de material didático contra a homofobia significa defender a homofobia. O que me parece um tanto contraditório para qualquer partido político comprometido com a igualdade e a justiça. 

Representantes do movimento LGBT integram ambos os partidos, PT e PSDB, que disputam o 2º turno da eleição em São Paulo. O que esse ocultamento da 'agenda gay' revela sobre a democracia de nossos dias?
Judith Butler - Não conheço em profundidade a situação no Brasil, mas está claro que diversos partidos vivem a contradição de ostentar oficialmente políticas de combate à homofobia, num quadro mais amplo de defesa dos direitos humanos, mas, ao mesmo tempo, solapá-las na tentativa de manter o apelo a eleitores religiosos ou conservadores. É uma forma de hipocrisia que acaba por minar as políticas antidiscriminatórias, fazendo delas mero jogo de aparências. 

Como superar essa hipocrisia eleitoreira?
Judith Butler - Se há cristãos que enxergam a homossexualidade como pecado ou algo antinatural, há também aqueles que enfatizam o fato de que todos são filhos de Deus, devem ser amados e respeitados. Então, é politicamente importante que os defensores do secularismo fortaleçam as alianças com grupos cristãos não homofóbicos para combater abertamente a estigmatização de minorias sexuais e de gênero.

Uma comunidade religiosa pode pregar contra a homossexualidade entre seus pares em nome da liberdade de expressão? 
Judith Butler - Em minha opinião, uma comunidade religiosa pode ter as visões mais tacanhas sobre as mulheres, os gays, as lésbicas, os bissexuais e transexuais. Mas não pode querer impor suas crenças na forma de políticas que contradigam princípios básicos dos direitos humanos. Acreditar é uma coisa; impor discursos e políticas públicas é outra. Claro que devemos combater esse tipo de crença, apelando inclusive aos valores do amor e do respeito ao próximo na tradição cristã - e reforçando os princípios universais que ditam que toda pessoa, independentemente do gênero ou da orientação sexual, deva ser tratada com dignidade.

Mas a partir de que momento um julgamento moral deixa de ser uma opinião ou uma crença e torna-se crime a ser punido?
Judith Butler - Se uma pessoa emite um julgamento moral contra a homossexualidade, essa pessoa deve ser simplesmente confrontada com argumentos melhores. Mas, se ela pretende instalar sua crença na legislação ou desencadeie uma campanha de ódio e discriminação, entramos em outro território. Se essa propaganda homofóbica contribui para a instalação de um ambiente político em que gays, lésbicas, travestis ou transgêneros sintam-se moralmente depreciados ou fisicamente ameaçados, isso jamais poderá ser considerado "liberdade de expressão". Na maior parte dos países europeus, o discurso antissemita é considerado racismo e contra a lei. E o discurso racista é mais facilmente identificado com a injúria do que o homofóbico. Eis o problema. Nos EUA, a liberdade de expressão tende a ser considerada um direito que se sobrepõe a todos os outros e, por isso mesmo, o último a ser passível de restrição. Então, mulheres, travestis e transexuais podem ser perturbados nas ruas sem que isso seja considerado contra a lei, a não ser que fique explícita a intenção de agredir. E o risco de se tolerar esse tipo de discurso é criar um ambiente público intoxicado. 

A corte de apelações de Manhattan propôs essa semana a alteração do estatuto que define o casamento como união entre um homem e uma mulher por considerar essa formulação discriminatória. Acha que a Suprema Corte vai acatar a proposta?
Judith Butler - A Suprema Corte teria o poder de tomar a decisão de alterar a definição federal de casamento para que essa não estipule o gênero das pessoas que desejem estabelecer contrato de matrimônio. Mas tenho sérias dúvidas de que a atual configuração da corte vá acatar essa modificação. Não porque regras coletivas estariam se sobrepondo a direitos individuais, mas porque há aqui duas ideias de bem social em competição. 

O dado da pesquisa divulgada na quinta-feira de que cresceu a aprovação ao casamento gay por parte dos cidadãos de origem latina nos EUA a surpreendeu?
Judith Butler - Sim, mas não estou certa do que isso signifique realmente. Teríamos que analisar a metodologia usada nas entrevistas para avaliar se está mesmo ocorrendo algo de significativo. Entretanto, faz sentido que um grupo que sofre clara discriminação nos EUA, como os latinos, desenvolvam certa sensibilidade em relação a outros grupos alvo de preconceito. E também é preciso lembrar que há uma significativa população lésbica, gay, bi ou trans entre os latinos. Mesmo o mais conservador deles está sujeito a conviver na família com um primo travesti, uma irmã lésbica ou um filho gay. É algo que faz muita diferença. 

Na era Bush, com a ascensão dos chamados neoconservadores, a Casa Branca pressionou ONGs com trabalhos no campo da sexualidade e dos direitos reprodutivos, incluindo o aborto, cortando-lhes fundos oficiais. Hoje esses mesmos temas parecem não galvanizar atenções na campanha presidencial de Obama e Romney. Por quê? 
Judith Butler - Muitos esperavam de Obama uma atuação mais forte na área dos direitos civis - aqui em um sentido um pouco distinto do que estamos chamando de direitos individuais. Ele até procurou apoiar movimentos antirracismo, pela equivalência salarial para as mulheres ou rejeitando o boicote contra gays nas Forças Armadas. Mas o fato é que várias dessas ONGs atuam de maneira muito próxima dos poderes públicos, a ponto de se tornar difícil distinguir umas dos outros. Algumas organizações são críticas, mas a maior parte depende do governo, então há uma cumplicidade que precisa ser quebrada para essas políticas avançarem.

No início dos anos 1970, em São Francisco, o movimento gay elegeu seu primeiro político, o ativista Harvey Milk, cuja história virou filme. Faltam lideranças que assumam a luta LGBT hoje em dia? 
Judith Butler - De novo, depende de que parte do mundo estamos falando. Em São Petersburgo, esses grupos se mobilizam simplesmente pelo direito de se manifestar em público. Nos EUA, as organizações com mais atuação política estão dedicadas à aprovação do casamento gay. E na África do Sul lésbicas protestam contra os "estupros corretivos". De modo que fica difícil fazer qualquer tipo de generalização. Em geral, a agenda gay consegue se inserir em um retrato maior dependendo do contexto. Às vezes, a única forma de se atuar no mainstream é subscrevendo legendas nacionais mais amplas, como na Holanda e na Alemanha, para depois se detalhar as reivindicações. 

A Constituição brasileira de 1988 é tida como uma Carta essencialmente social, ao passo que a americana dá bastante ênfase aos direitos individuais. Quanto isso influencia na forma como essas questões são percebidas pela sociedade? 
Judith Butler - Tudo depende de como se vê o coletivo. Se os direitos coletivos são descritos como os que dizem respeito às comunidades e valores tradicionais, então se abre a brecha para que aqueles não se estendam a grupos que não compartilhem esses valores tradicionais. Mas, se entendermos que os direitos coletivos devam ser generalizados a todos, uma vez que todos têm direito à representação na sociedade democrática, vamos encontrar um discurso mais afinado: o de que os grupos de gays, lésbicas, trans, etc. não briguem por direitos individuais, mas por igualdade e justiça para todos, independentemente da sexualidade ou do gênero. Aí, é conveniente o olhar universal. Parece claro, como disse, que a forma como a liberdade de expressão é entendida nos EUA é diferente do entendimento que há na Europa e na América do Sul. Mas, se nos EUA ela goza de certa prioridade, isso tampouco significa que não haja debate sobre seus limites, sobre em que momento o free speech se torna o discurso do ódio e da injúria.

Essa semana o Uruguai se tornou o segundo país da América do Sul a descriminalizar o aborto. Vê sinais de mudança na região?
Judith Butler - É uma boa questão... Mas deixe-me incluir também o caso Karen Atala, no Chile, em que a Corte Interamericana de Direitos Humanos teve de intervir em 2010 para condenar o Estado chileno por haver negado a guarda de suas filhas por causa de sua orientação sexual (assumidamente lésbica, Atala perdera, por esse motivo, a guarda para o ex-marido). Então, há sinais ambíguos. Mas creio que apesar das pressões do populismo, das tradições católicas, das imposições dos mercados sobre a agenda dos direitos, desconfio que vamos continuar a ver inovações radicais na América Latina. 

A sra. definiu sua famosa Queer Theory como uma argumentação contra 'o que a identidade de uma lésbica ou de um gay devam ser'. Não é justamente a afirmação de sua identidade que esses grupos buscam? 
Judith Butler - Apenas quero dizer que, ainda que a afirmação da identidade sexual ou de gênero seja importante, também temos que nos questionar sobre como tais termos são definidos e a partir de que momento se transformam em outros tipos de rótulo. Uma pessoa não quer se libertar da homofobia para se ver aprisionada de novo em outra ideia restrita de identidade. Para mim, a Queer designa uma forma de aliança em que a sexualidade não seja nem prescrita nem policiada - a menos que machuque alguém. 

Em outra ocasião, a sra. escreveu que 'não nos tornamos humanos ainda' e que 'a categoria do humano é um processo de vir a ser'. Diante do mundo hoje, diria que estamos a caminho ou nos afastando desse objetivo?
Judith Butler - Vivemos tempos de risco, e não estou segura de que sequer saibamos o que é ser humano. Parece-me claro que os humanos não são humanos fora de um mundo social mais amplo, e também não o são quando se definem exageradamente em oposição à sua natureza animal. Não podem ser humanos, ainda, se não reconhecem a dependência do meio ambiente em que vivem, por comida, abrigo, sobrevivência. Temos muito a aprender sobre todas essas relações que nos fazem humanos. São elas que ampliam nossos limites, e são essenciais não só para a sobrevivência como para nosso bem-estar.

"E eu lembro que era horrível"

"Não tinha nenhum amigo, me zuavam todos os dias, eu não queria nem ir pra escola mais. Eu era muito isolado, eu era muito triste.
Eu tinha muito medo, eu era muito inseguro, eu chorava demais."

Você conhece a lei 2.615?











Há 12 anos uma lei foi aprovada na Camara Legislativa do Distrito Federal, a Lei 2615 proíbe a prática de discriminação por orientação sexual, a lei precisa ser regulamentada, e para isso uma campanha está circulando na rede, com chamada para um ato público no dia  26 de outubro de 2012, ás 15hrs no Palácio do Buriti! Estão todas e todos convidadas!
Regulamentação da Lei2615 Já!
Ato 26 de outubro no Palácio do Buriti!

No último dia 11 desse mês um rapaz veio a óbito em decorrência das facadas de um homofóbico. E infelizmente esse é apenas mais um de tantos outros crimes de ódio que terminam em assassinato!
http://df.gay1.com.br/2012/10/df-morre-jovem-gay-esfaqueado-por.html#
Quem será a próxima/o?



MANIFESTAÇÃO CONTRA A HOMOFOBIA
DIA 26/10/12 - ÀS 15H EM FRENTE AO PALÁCIO DO BURITI-DF


"BASTA, NÃO VAMOS ESPERAR MAIS 12 ANOS."
Dia 26 de Outubro de 2012 a Lei 2.615 completa 12 anos de existência sem regulamentação. São 12 anos sem utilização nenhuma. 12 anos sem enfrentamento da Homofobia.
QUANTOS LGBT TEM QUE MORRER NO DISTRITO FEDERAL PARA QUE AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA POPULAÇÃO LGBT SEJAM EXECUTADAS?
CURTA/COMPARTILHE E ASSINE O ABAIXO ASSINADO: http://lei2615.eloslgbt.org.br/

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Salto para um futuro sem homofobias!

Salto para o Futuro integra a grade da TV Escola (canal do Ministério da Educação). É uma das faixas de programação do canal dirigida especialmente à formação continuada de professores do ensino fundamental e médio, atendendo também a temas de interesse para a educação infantil.

No ar desde 1991, o Salto para o Futuro tem como proposta debater diferentes tendências no campo da educação e contribuir para a reflexão da prática em sala de aula, utilizando diferentes mídias: TV, telefone, site com publicação eletrônica, fórum e email.
Mais informações sobre o programa!


O programa é apresentado por Bárbara Pereira e Murilo Ribeiro, juntos integram uma equipe disciplinar com mais outrxs 19 profissionais. As sinopses de todas as edições estão disponíveis aqui




A Série Educação e Diversidade Sexual conta com cinco episódios:

Programa 1 – Direitos Humanos e Diversidade Sexual 
Programa 2 – Orientação Sexual e Identidade de Gênero
Programa 3 – Educação para a Diversidade
Programa 4 – Outros Olhares sobre Educação e Diversidade Sexual
Programa 5 – Educação e Diversidade Sexual em Debate




quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Kit de Combate a Homofobia - Você já viu?

Em 2011 a Presidenta da República Dilma Rousseff vetou o projeto que iria distribuir para as redes públicas de ensino médio material de combate a violência homofóbica.
O material seria distribuído mediante a solicitação da escola, acompanhada de técnicos do MEC com kit educativo, que entre outros matérias, constavam de três vídeos.
Os vídeos tem parecer na UNESCO, do Conselho Federal de Psicologia, do Conselho de Classificação Indicativa/MJ e da UNE, e foi precedida de uma pesquisa, diagnosticando a homofobia nas escolas.


O material foi disponibilizado na internet e qualquer professora ou professor pode usá-lo! Inclusive porque dinheiro público já gasto em cima dele:





Na entrevista que o Deputado Jean Wyllys concedeu a Marília Gabriela em julho de 2011, ele explica quais as barganhas políticas envolvendo o então Ministro Palocci, e de como alguns políticos mentiram ao usar material do Ministério da Saúde como sendo material do Ministério da Educação!
Essa pauta em especifico está nos 10min do vídeo a seguir. A entrevista completa também está disponível no Youtube, e é super recomendada!


sábado, 15 de setembro de 2012

Seminário Internacional - Violências e Direitos humanos: Espaços da Educação.

A cátedra UNESCO de Juventude, Educação e Sociedade da Universidade Católica de Brasília (UCB) abre as inscrições para o seminário internacional  "Violência e Direitos Humanos - Espaços da Educação", o evento acontecerá nos dias 4 e 5 de outubro no campus da 916 norte!

Para mais informações: http://www.catolicavirtual.br/catedra/index.php/seminario-outubro

Aliança Global para a Educação LGBT - Guia de monitoramento do direito a educação para a diversidade sexual!

Global Alliance for LGBT Education (GALE) é uma comunidade virtual de aprendizagem focando na educação de questões LGBTs. A participação na comunidade é gratuita e aberta a qualquer pessoas que esteja envolvida ativamente na educação sobre assuntos LGBT. 
Mas para poder se manter dentro da rede é preciso contribuir com atividades ou conteúdos, você pode se propor e se engajar em algum projeto, e também ter acesso a experiência de sucesso, e compartilhar as que já vivenciou!
A GALE é uma rede de parceiros formal da UNESCO!


A GALE está desenvolvendo um guia para monitorar o direito a educação para a diversidade sexual e planejamento estratégico para ajudar as organizações de defesa e governos a analisar em que medida o direito a educação e os objetivos de educação para todxs são implementadas nos países. O guia consta de três objetivos:

1. Ajudar xs leitorxs a aumentar seus conhecimentos e visibilidades da diversidade sexual nas escolas
2. Apoiar as ações locais para tornar as escolar mais seguras
3 E apoiar as ações múltiplas para levar essas questões de forma útil para ONGs e governos!

O guia está em fase de construção, e membros da rede tem até 7 de outubro para opinarem em sua construção!



domingo, 2 de setembro de 2012

Material livre na internet!

Divulgando aqui dois materiais muito legais que encontrei na internet! O primeiro é  uma edição do 'Cadernos SECAD'. - atualmente sobre sigla de SECADI (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão), - Traz na quarta edição o título Gênero e Diversidade Sexual na Escola: reconhecer diferenças e superar preconceitos, e tem como objetivo básico "e documentar as políticas públicas da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação", com teor informativo e formativo direcionado à gestoras/es, professoras/es, e demais profissionais da área de educação, trazendo bases histórias, conceituais, legais e organizacionais que fundamentam as ações das políticas da SECADI/MEC.




O segundo é o material didático do curso "Gênero e Diversidade na Escola: Formação de Professoras/es em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais", disponível aqui direto para download. O curso foi construido em parceira com a Secretaria de Política para as Mulheres, Secreatia Especial de Políticas de Promoção da Iguadade Racial, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, Secretaria de Educação à Distancia, British Council e o Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direito Humanos (CLAM/IMS/UERJ). E visa contribuir diretamente para a formação continuada de profissionais de educação da rede pública, apresentando quatro módulos: Diversidade, Gênero, Sexualidade e Orientação Sexual e Raça e Etnia!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Guia rápido para projetos de pesquisa!

Como escrever um projeto de pesquisa?

A forma com que o projeto é escrito é muito importante, mas esse não deve e sobressair sobre o conteúdo. O projeto não serve apenas para ser avaliado por uma banca ou comissão, mas também, e fundamentalmente, para a organização da pesquisadora.
As instituições, agências financiadoras etc, costumam já dispor de modelos ou formulários explicitando os critérios a serem avaliados. Embora nem sempre os critérios sejam os mesmo, alguns elementos importantes podem ser citados, e é como, mais ou menos, eu organizei o meu:
1) Resumo
2) Introdução
3) Justificativa
4) Objeto de pesquisa
5) Revisão da Literatura ou Marco Teórico
6) Problema e Hipótese de Pesquisa
7) Objetivos da Pesquisa
8) Técnicas de Pesquisa
9) Cronograma físico
10) Cronograma orçamentário
11) Bibliografia

Mas o que deve ficar mesmo é a consistência, delimitação e viabilidade!
A Luds, que tá sempre perto nos momentos de desespero acadêmico, me enviou também um arquivo intitulado: Orientações para elaborar o Projeto de Dissertação de Mestrado ou Tese de Doutorado! Que serve também pra monografias:

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O projeto deve ter, no máximo, 20 laudas digitadas (em espaço 1.5, fonte arial e tamanho 12), incluindo referências bibliográficas.


Devem ser incluídos no projeto:
  • título;
  • objeto de estudos (ou problema) e finalidade da investigação, seja ela empírica ou teórica;
  • revisão da literatura;
  • referencial teórico sobre o tema específico para a pesquisa;
  • definições de conceitos e de categorias de análise, quando pertinente;
  • esboço preliminar de aspectos gerais da metodologia da pesquisa, seja ela empírica ou teórica, justificando as opções;
  • cronograma para o período completo da pesquisa;
  • referências bibliográficas.

Notas:
-     Os tópicos mencionados devem ser contemplados no projeto mas não é necessário que estejam em itens operados.
-     A seqüência de disposição dos tópicos não é rígida, devendo adequar-se às características particulares da proposta.

Problemas que podem ocorrer ao elaborar o projeto de dissertação ou tese:
  • o objeto de investigação é muito amplo, geral ou vago;
  • não se trata de projeto de pesquisa, mas de proposta de intervenção;
  • o projeto contém múltiplos objetos de investigação;
  • o projeto ignora conhecimentos anteriores já acumulados sobre o objeto de investigação;
  • não há revisão de literatura ou ela é inadequada e não se articula com o objeto de investigação;
  • o objeto de investigação não se enquadra nos campos de atuação da linha de pesquisa na qual o aluno se insere;
  • o objeto de investigação é pouco relevante;
  • a descrição da metodologia e/ou dos procedimentos é vaga inadequada ao objeto de investigação;
  • o impacto social e científico da investigação proposta não é enfatizado ou é pouco relevante;
  • cronograma é irrealista face à proposta;
  • muito extenso, ultrapassando as vinte laudas digitadas.

Sugestões para orientá-lo/a na elaboração de seu projeto de dissertação de mestrado ou tese de doutorado:

  • elabore-o com bastante antecedência;
  • procure o seu orientador e peça-o para lê-lo e analisá-lo com cuidado;
  • leia e estude livros disponíveis sobre metodologia científica ou elaboração de projetos de pesquisa.

COMO MELHORAR SEU TEXTO:
Antes de apresentar seu projeto é importante fazer uma edição final do texto. Você poderá encontrar pequenos erros, pontos esquecidos. Esse trabalho é dividido em duas partes: estilo e clareza.
Na primeira metade você deve se concentrar, no plano microscópico, na mecânica e no estilo. Você revisou duas vezes a ortografia de qualquer palavra sobre a qual se sente inseguro? Alguma de suas frases é muito longa ou complicada? Você pôs aspas nos lugares corretos? Cada uma das sentenças tem sentido? Alguém que ignore o tema pode compreender o que você tenta dizer?
Uma vez que tenha solucionado os problemas de estilo, é importante analisar seu texto a partir de uma perspectiva telescópica. A segunda parte de sua lista de controle deve destacar temas de estrutura, clareza e fluxo da escrita.
Sua escrita tem um ponto convincente? Chega a uma conclusão coerente? Você oferece ao leitor exemplos específicos ou memoráveis para respaldar seus pontos de vista? As transições entre as seções do seu texto são suaves e lógicas? Sua escrita conta com um ritmo adequado de maneira que dá confiança ao leitor do começo ao fim? Passando por esse pente-fino, a revisão do texto de seu projeto está finalizada.

(Fonte: Beverly Ballaro e Christina Bielaszka-DuVernay)

domingo, 26 de agosto de 2012

Respeito à diversidade se aprende na escola!

O IX Seminário LGBT da Câmara dxs Deputadxs teve como tema "Sexualidade, papéis de gênero e educação na infância e na adolescência".

Destaco a participação da Senhora Marlene Xavier, representando as Mães Pela Igualdade.
Marlene é mãe de quatro filhxs LGBT, e trabalhava na escola onde todxs estudavam, e viu de perto as violências sofridas pelxs filhxs. Marlene Xavier é uma mãe pela igualdade!

Esteve presente também João W Nery, autor do primeiro livro escrito em português contanto a história de um transhomem, a Deputada Erika Kokay, a Profesorra Miriam Abramovay, a Professora Maria Lucia Leal, representantes do MEC, do MJ, da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, Comissão de Educação e Cultura, entre alguns outros.


Mas nessa postagem chamo a atenção para o que a presença da pesquisadora e militante Tatiana Lionço representou para os setores conservadores e fundamentalistas do Congresso Nacional e do país como um todo.
A fala da Tatiana Lionço girou sobre a sexualidade na infância, e o olhos abusadores e castradores de adultos. Sem jamais defender a pedofilia e qualquer abuso de crianças e adolescentes, a pesquisadora teve sua fala editada de forna pífia e repugnante para servir de mote a perseguição de LGBTs.
Contudo, a idéia aqui não é perder tempo mostrando esses materiais deturpados e exdruxulos, mas pelo contrário veicular o material original da pesquisadora.



O debate que ocorreu pela manhã está disponível nesse vídeo, onde Tatiana Lionço aparece a partir de 2h37'.
"Aqueles e aquelas que qualificamos hoje como crianças foram tratadas por longos periodos como adultos em miniatura. O que levou o papa bento XVI a infeliz declaração, inoportuna, de que a pedofilia nem sempre fora objeto de penalização, e portanto poderia ser relativizada historicamente. Evidentemente nós não vamos usar da compressão sobre sexualidade infantil para sermos coniventes com esse tipo de manejo argumentativo por parte da igreja católica, onde a sexualidade infantil não existe a não ser no momento em que argumentativamente ela importa ao adulto abusador, e que recorrentemente, no caso da pedofilia dentro da igreja católica, a inteligibilidade sobre o que se passou do ponto de vista da autoridade religiosa, é a culpa da criança homossexual. Então, absolutamente, discutir sexualidade na infância não é ser conivente com esse tipo de linha argumentativa" diz Tatiana

Também aproveito para divulgar livro organizado por ela e pela pesquisadora Débora Diniz, Homofobia & Educação - um desafio ao silêncio, que conta com textos de Daniel Borrillo, Claudia Vianna e Lula Ramires, Malu Fontes, Fernando Pocaby, Rosana de Oliveira e Thaís Imperratori, Raoger Raupp Rios e Wederson Rufino dos Santos, Rogério Diniz Junqueira, Débora Diniz e Tatiana Lionço.

Segue também o texto que Tatiana Lionço escreveu sobre o caso: Transviada contra a ordem sexual: má fé e vergonha!

O debate ocorrida pela tarde no seminário pode ser aqui visualizado: 

sábado, 25 de agosto de 2012

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas

A 32ª edição da Coleção Educação para Todos traz uma coletânea de 15 artigos mais uma introdução do amigo Rogério Diniz Junqueira, que organizou essa edição.
Com textos de Roger Raupp Rios, Guacira Lopes Louro, Alípio de Sousa Filho, Fernando Seffner, Jane Felipe, Alexandre Toaldo Bello, Luiz Mello, Miriam Grossi, Anna Paula Uziel, Paula Regina Costa Ribeiro, Guiomar Freitas Soares, Felipe Bruno Martins Fernandes, Dagmar Meyer, Wiliam Siqueira Peres, Ana Cláudia Bortolozzi Maia, Jimena Furlani, Lúcia Facco, Antônio Carlos Egypto, Denilson Lopes e de Rogério Diniz Junqueira a coletânea aborda vários perspectivas teóricas, mas traz também dados de pesquisas realizadas por essas autoras e outras.
Políticas públicas, práticas homofóbicas, mães lésbicas, pais gays, pais e mães de LGBTs, professoras e professores homossexuais, a travestilidade e transexualidade, educação infantil são alguns dos temas que se intercruzam ao se discutir escola, educação e homofobias.

A obra completa está disponível pela UNESCO  aqui

No artigo introdutório, Rogério Junqueira nos traz um breve resumo das obras selecionadas, transcrevo-as aqui:


Sobre os artigos
Em  Homofobia na perspectiva dos direitos humanos e no contexto dos estudos sobre preconceito e discriminação, Roger Raupp Rios faz uma indispensável reflexão sobre o conceito de homofobia. Mediante uma exposição do estado da arte dos estudos psicológicos e sociológicos sobre preconceito e discriminação, procura compreender a discriminação homofóbica no quadro da reflexão acumulada sobre outras formas de discriminação, tais como o anti-semitismo, o racismo e o sexismo. Valendo-se de categorias do direito da antidiscriminação (tais como os conceitos de discriminação direta e indireta) e da identificação das formas de violência homofóbica engendradas pelo heterossexismo, o autor arrola possíveis 
respostas jurídicas à homofobia, no horizonte do paradigma dos direitos humanos, valiosas para se pensar em ações no espaço escolar. 
Da ótica dos estudos gays e lésbicos e da teoria queer, Guacira Lopes Louro, em Heteronormatividade e homofobia, analisa o processo histórico a partir do qual se verificou uma proliferação de discursos sobre a sexualidade e a necessidade de se marcar a homossexualidade e a heterossexualidade como bastante distintas, separadas. Na segunda metade do século XIX, enquanto a sexualidade se convertia numa “questão”, a norma heterossexual era produzida, reiterada e tornada compulsória, sustentando a heteronormatividade. Médicos, filósofos, moralistas e pensadores passaram a fazer proclamações e “descobertas” sobre o sexo, a inventar classificações de sujeitos e de práticas sexuais e a determinar o que seria ou não “normal”, “adequado”, “sadio”. Disso surgiram o “homossexual” e a “homossexualidade”, e as práticas afetivas e sexuais entre pessoas de mesmo sexo ganharam nova conotação, estabelecendose o par heterossexualidade-homossexualidade. Para garantir o privilégio da heterossexualidade, sua normalidade e sua naturalidade, investimentos de toda ordem foram postos em ação, em diversas instâncias. A manutenção da lógica que supõe que todas as pessoas sejam (ou devam ser) heterossexuais favorece a homofobia e, ao mesmo tempo, o medo e o fascínio pela homossexualidade. A pedagogia da sexualidade que daí emerge mereceria ser desestabilizada, reinventada e tornada plural.Alípio de Sousa Filho, em Teorias sobre a Gênese da Homossexualidade: ideologia, preconceito e fraude, procura demonstrar que uma longa história de colonização pelo preconceito, por meio da qual se representou a homossexualidade como uma exceção, um desvio ou uma inversão no quadro de uma pretendida (e compulsória) normalidade heterossexual, se fez acompanhar pelo desenvolvimento de estudos e teorias em busca de uma causa específica da homossexualidade. O autor sustenta que as formulações que procuram determinar a gênese da homossexualidade, dissimuladas como “teorias científicas”, configuram autênticas fraudes de ordem intelectual e moral. Enfatiza que estas teorias resultam da profunda ação da ideologia na cultura (e, nesse sentido, de uma visão social não inteiramente consciente) e que, por isso, sua desmistificação requer empenho sistemático. Afinal, mesmo quando denunciadas como obras do pensamento preconceituoso, elas tendem a não deixar de produzir efeitos no imaginário e de exercer sua influência deletéria sobre todas as pessoas, dentro e fora da escola.
Em  Equívocos e armadilhas na articulação entre diversidade sexual e políticas de inclusão escolar, Fernando Seffner analisa os desafios na implantação de políticas educacionais inclusivas que considerem os temas da diversidade sexual. O autor observa que o aparente consenso em torno da adoção de um modelo educacional deste tipo tende a desaparecer quando se depara com as demandas de inclusão de determinados públicos, especialmente o de estudantes homossexuais. Defensor do caráter laico da escola pública, considera as dificuldades resultantes de resistências relativas a questões morais e religiosas e da tensão com os movimentos organizados na defesa dos direitos de LGBT. Sugere ações que contribuam para a inserção dos temas da diversidade sexual nos currículos e a inclusão e a permanência de estudantes cuja orientação sexual é diferente da heterossexual.
Com o objetivo de discutir o conceito de gênero e de identidades sexuais e, mais especificamente, a construção das masculinidades na infância e na escola, Jane Felipe e Alexandre Toaldo Bello propõem o artigo  Construção de comportamentos homofóbicos no cotidiano da Educação Infantil. O trabalho suscita olhares sobre os sujeitos infantis masculinos e analisa de que forma determinadas representações de 
homem que se pretendem hegemônicas são acionadas e percebidas por crianças e educadores/as,especialmente no âmbito da Educação Infantil, produzindo nelas, desde a mais tenra idade, um esboço de homofobia e de misoginia.
Em A escola e @s filh@s de lésbicas e gays: reflexões sobre conjugalidade e parentalidade no Brasil, Luiz Mello, Miriam Grossi e Anna Paula Uziel discutem a inclusão das famílias homoparentais na nossa escola, considerada instituição central na construção da cidadania e na transmissão de valores democráticos. Observam que, nos 
últimos anos, a filiação tem se tornado um fenômeno cada vez mais presente nos lares de casais constituídos por pessoas do mesmo sexo e os debates sobre homossexualidade, conjugalidade e parentalidade vêm se ampliando em todas as esferas sociais. 
Diante desta realidade e do dever de a escola estar preparada para receber todas as crianças em um ambiente livre de preconceitos e de discriminações, as autoras e o autor buscam trazer elementos que auxiliem docentes e corpo diretor a acolher positivamente crianças cujos pais/mães vivam em situação de conjugalidade homoerótica ou que se reconheçam como gays, lésbicas e bissexuais. A partir de uma discussão sobre direitos humanos, cidadania e sexualidade, refletem sobre a diversidade da família como instituição social na contemporaneidade e sobre o processo de conquista de direitos civis relativos à liberdade de orientação sexual. Apontam elementos teóricos que contribuiam para o enfrentamento da homofobia e o apoio a estudantes que vivem em núcleos familiares que fogem ao modelo heterossexual.
Ambientalização de professores homossexuais no espaço escolar, escrito por Paula Regina Costa Ribeiro, Guiomar Freitas Soares e Felipe Bruno Martins Fernandes, retrata uma pesquisa em busca da compreensão acerca de como, no ambiente escolar, a sexualidade é tratada e se torna fator importante na definição identitária dos seus sujeitos e de suas relações sociais. Considerando a sexualidade como uma construção histórica e cultural, as autoras e o autor examinam narrativas de três professores gays e de uma professora lésbica, a fim de conhecer as formas em que se dão suas ambientalizações na instituição escolar. Das narrativas, emergiram registros de episódios relacionados à construção de suas identidades sexuais e de gênero, releituras de como se “perceberam homossexuais”, o que representou ser adolescentes homossexuais e hoje, enquanto docentes, a maneira com que “assumem” ou não essa identidade no espaço escolar.
A partir de um conjunto de pesquisas desenvolvidas sobre educação e relações de gênero, Dagmar E. Estermann Meyer propõe o artigo Corpo, violência e educação: uma abordagem de gênero. O trabalho explora algumas das formas pelas quais a violência se inscreve e se naturaliza em relações de poder de gênero. Sua premissa básica: é no contexto de relações de poder de gênero (naturalizadas, sancionadas e 
legitimadas em diferentes instâncias do social e da cultura) que determinadas formas de violência tornam-se possíveis. Sugere que a problematização dessas relações de poder de gênero pode apontar e delinear um campo de possibilidades especialmente significativo para reflexão e intervenção de educadores/as e isso, por sua vez, pode contribuir para minimizar, de forma importante, o exercício de algumas formas de 
violência de gênero, entre elas, a homofobia.
Em Cenas de exclusões anunciadas: travestis, transexuais, transgêneros e a escola brasileira, Wiliam Siqueira Peres discute, a partir de suas pesquisas sobre processos de subjetivação, o papel cumprido pela escola na promoção da inclusão e da exclusão socioeducacional de travestis, transexuais e transgêneros. Os depoimentos colhidos e analisados evidenciam um complexo quadro de experiências de preconceito, estigmatização, violência, exclusão e morte. Diante disso, o autor enfatiza a necessidade de urgentes reflexões a respeito das novas identidades sexuais e de gênero, a criação de espaços de respeito e convívio pacífico entre os atores que compõem as redes de ensino, fazendo com que as escolas constituam espaços de escuta, também dotados de diretrizes curriculares e projetos político-pedagógicos que promovam e garantam o efetivo enfrentamento da homofobia/travestifobia/transfobia e de seus 
processos de estigmatização.
Ana Cláudia Bortolozzi Maia, em  Sexualidade, deficiência e gênero: reflexões sobre padrões definidores de normalidade, reflete sobre a imposição social de padrões definidores de normalidade em relação às sexualidade e às assim ditas “deficiências”. 
As deficiências aqui estudadas são mentais e físicas, e a autora chama a atenção para o fato de que lidar com os ideais e os preceitos de normalidade hegemônicos em nossa sociedade é, para todos os indivíduos, um fardo, mas tremendamente mais crítico e penoso para as “pessoas com deficiência”. E mais: em questões de gênero e sexualidade, às “deficiências” somam-se ulteriores dificuldades impostas pelos padrões definidores de normalidade sexual, o que reforça preconceitos e gera discriminação. A autora ressalta a necessidade de se pensar criticamente esta questão no cenário da educação, uma tarefa indispensável para a construção de uma escola inclusiva e de uma sociedade democrática.
A educação formal e a escola se deparam, cada vez mais, com projetos, recomendações e diretrizes que trazem novas e inquietantes demandas. Reivindicam-se políticas afirmativas, inclusão curricular, formação para cidadania, promoção da eqüidade, respeito à diversidade etc. Jimena Furlani observa que, ao discutirmos a adoção de ações pedagógicas que tomem como tema a sexualidade, cabe perguntar que Educação Sexual queremos, que princípios e fundamentos ela apresenta, quais são os efeitos sociais desses saberes, a que sujeitos eles dão visibilidade e quem eles ocultam. Em “Direitos Humanos”, “Direitos Sexuais” e “Pedagogia Queer”: o que essas abordagens têm a dizer à Educação Sexual?, a autora busca explicitar e questionar pressupostos e implicações pedagógicas dessas três abordagens que mais se aproximariam de uma Educação Sexual voltada ao reconhecimento da diversidade, ao respeito à diferença e à problematização das desigualdades e das injustiças sociais. Seu interesse é pensar como a escola e as políticas públicas podem encontrar, nesses modos de tratar o assuntos, possibilidades didático-metodológicas que contribuam para a construção de uma sociedade menos sexista, 
menos racista e menos homofóbica.
No artigo As “diferenças” na literatura infantil e juvenil nas escolas: para entendê-las e aceitá-las, Lúcia Facco defende que, nos trabalhos de sala de aula com crianças e adolescentes, educadores/as possam se valer de textos literários que tragam de maneira nítida a questão das “diferenças” e, mais propriamente, a discussão que oportunize o aprendizado do respeito às diversidades de gênero, orientação sexual, 
classe, entre outras. Ao mesmo tempo, ao chamar a atenção para o fato de os textos literários também serem instrumentos poderosos na transmissão de visões de mundo, preconceitos e estigmas, sustenta que a necessária promoção do ensino de uma recepção crítica das mensagens se faça acompanhar de atitudes e de uma pedagogia por meio das quais educadores/as possam melhor incentivar e apontar novas possibilidades de desenvolvimento da cultura do respeito e do reconhecimento não só da diversidade sexual, como também das outras.
Orientação sexual nas escolas públicas de São Paulo, de Antonio Carlos Egypto, trata da importância, nas políticas públicas de educação, de implementar ações voltadas para promover a discussão sobre a sexualidades e os preconceitos nas escolas. O autor, entendendo a “orientação sexual” como conteúdo curricular e processo pedagógico tal como disposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais, oferece um 
relato acerca do desenvolvimento, pelo Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual, de um amplo projeto de formação de profissionais da educação junto à rede municipal de ensino na cidade de São Paulo, em 00 e 004. O projeto é aqui exposto em suas diferentes fases e aspectos, como os objetivos, os desafios enfrentados, a formação continuada de educadores, a postura, a metodologia e a dimensão alcançada por esse trabalho.
No bojo do debate acerca dos processos de construção de identidades e das disputas em torno de diferentes regimes de visibilidade/invisibilidade identitária LGBT, emergem fortes tensões entre os que defendem a adoção de aguerridas ações afirmativas e os que acreditam em formas mais sutis de militância. Entre os últimos, há ainda os que investem em atitudes ainda mais problematizadoras quanto aos pressupostos teórico-políticos de toda essa discussão. É onde se situa Denilson Lopes, em Por uma nova invisibilidade. Ele inicialmente observa que a invisibilidade social tem sido vista pelos movimentos políticos minoritários como um alvo a ser combatido, entendida como resultado da opressão social e histórica. No entanto, a partir de leituras das obras de Silviano Santiago e Caio Fernando Abreu, ele propõe uma reavaliação da invisibilidade como alternativa, seja para uma política de identidades LGBT estreita, seja para um transplante pouco reflexivo da teoria queer. Entre outras coisas, o autor observa o silenciamento dos temas relacionados à sexualidade em seus tempos de escola. Temas associados à sexualidade, deixados para as conversas de corredor ou, no máximo, tocados em aulas de biologia, não tinham vínculo com a vida. As eventuais aulas de educação sexual, à sombra da propagação da Aids, não contribuíam para o entendimento da sexualidade como parte da formação afetiva e política. A criação de espaço para a escuta teria pelo menos ajudado a redimensionar a sensação de isolamento.
Em Educação e homofobia: o reconhecimento da diversidade sexual para além do multiculturalismo liberal, Rogério Diniz Junqueira reflete sobre as potencialidades da diversidade sexual na formação educacional. Preconiza a problematização da homofobia na escola como meio de proporcionar educação de qualidade. Após discutir o conceito de homofobia e observar seus vínculos com a heteronormatividade e 
outros fenômenos discriminatórios, analisa estratégias de “negação” adotadas pelos interessados em seeximirem do enfrentamento da homofobia nas escolas e aponta equívocos na polarização entre universalismo e relativismo cultural. A partir de uma perspectiva construcionista, faz restrições às “políticas de identidade”, ao multiculturalismo liberal, aos postulados essencialistas, binários e “politicamente corretos” 
produtores de inclusão periférica, sempre vinculada a lógicas de domesticação, normalização e de subalternização. Considera indispensáveis para um novo modelo de cidadania: o reconhecimento da diversidade sexual a partir da ética democrática e dos direitos humanos e a desestabilização do sexismo, da heteronormatividade e do “narcisismo das pequenas diferenças”